Três dias após enviar ao Congresso Nacional uma proposta de Orçamento com previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões para o ano que vem, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (4), em entrevista para 98 FM de João Pessoa, que o governo cortou “tudo o que poderia ser cortado”. Ela destacou, entretanto, que agora Executivo e Legislativo podem, “perfeitamente”, discutir as receitas necessárias para equilibrar a peça orçamentária.
Segundo a presidente, ela só não cortou os programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Para ela, há despesas que são essenciais e não podem ser cortadas.
Dilma ressaltou que optou por enviar a proposta orçamentária com previsão de déficit para “deixar claro” que o governo preferia “construir junto com a sociedade”, uma alternativa.
“No Orçamento, nós cortamos tudo o que poderia ser cortado. Nós não cortamos os programas sociais, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, o Prouni, o Fies, o Mais Médicos, a construção de postos de saúde, as cisternas e também os investimentos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos”, explicou na entrevista a presidente da República.
“Quando estamos passando por dificuldade, temos que garantir que depois avance, melhore a renda, com mais inclusão social, mas participação na receita. Para isso, alguns gastos são essenciais e não podemos cortar”, complementou.
A chefe do Executivo também voltou a dizer nesta sexta que o governo não irá terceirizar a responsabilidade de apontar os cortes necessários para zerar o Orçamento.
Na última quarta (2), depois de a peça orçamentária com déficit gerar polêmica no parlamento, a presidente da República disse que o governo não quer “transferir para ninguém” a responsabilidade de ajustar as previsões de despesas e receitas. Na ocasião, ela prometeu que o Executivo encaminhará complementos à proposta orçamentária para construir uma solução junto com o Legislativo.
“Optamos por um caminho de transparência e verdade. Optamos por enviar um orçamento com déficit de R$ 30,5 bilhões. Isso porque queríamos deixar claro que preferimos deixar construir isso junto com a sociedade para lidar com o fato de que estamos com queda de receita. Debater com o Congresso como fazer para resolver esse problema”, enfatizou Dilma nesta sexta.
Programas sociais
Em meio à entrevista às rádios paraibanas, a presidente ponderou que o dinheiro para bancar os programas sociais da administração federal não são os gastos que mais pesam no Orçamento.
De acordo com ela, as maiores despesas na União ocorrem nas áreas de previdência, benefícios assistenciais, funcionalismo e gastos obrigatórios, que, destacou Dilma, consomem quase 88% dos R$ 1,2 trilhão previstos no Orçamento de 2016.
“O que faz desequilibrar [o Orçamento] são os gastos previstos na lei e que, queira ou não, o governo tem que cumprir. Tem que ter cuidado com leis que criam custos”, alertou a presidente, criticando indiretamente a aprovação, por parte do Congresso, de projetos que elevam os gastos da União, as chamadas “pautas bombas”.
G1
@politicaetc