O coordenador de Comunicação de Campina Grande, Marcos Alfredo, reagiu as criticas da cantora Elba Ramalho a programação do Maior São João do Mundo. Fazendo um histórico da oposição de Elba a Transposição do São Francisco e afirmou que a artista busca atrair mídia com declarações polêmicas. “Calada, Elba é uma sábia respeitável”, disse.
Veja texto na íntegra.
A velha Elba que detonou a transposição está de volta
Para uma festa este ano predestinada a enfrentar eventuais polêmicas, a edição 2017 do Maior São João do Mundo coloca em sua coleção mais um “moído”, que tem agora como protagonista a cantora paraibana Elba Ramalho. Em declarações à imprensa de Pernambuco, a artista faz críticas veladas ao fato de que a grade junina de Campina Grande contempla em larga escala os colegas sertanejos, não seguindo o exemplo de Barretos (SP), onde o rodeio e a Festa do Peão, segundo ela, é porta fechada para o forró.
Ao contrário do que ela disse em Caruarú, o São João de Campina Grande mantém em sua programação o irreverente Biliu de Campina (que se apresentou na abertura da festa, sexta-feira passada, e tem shows no palco principal do PP e na Locomotiva Forrozeira programados) e o forró pé-de-serra “come no centro”, literalmente, no Parque do Povo, espalhado nos palhoções ou ilhas, para deleite dos turistas.
Calada, Elba é uma sábia respeitável. Se dependêssemos da boa vontade da longeva cantora, as águas da transposição do Rio São Francisco estariam a milhares de quilômetros do Açude Epitácio Pessoa, principal manancial que abastece Campina Grande e outros 18 municípios da região. De forma ardorosa, Elba se levantou contra a obra, alegando que isso poderia prejudicar o “Velho Chico”, fazendo coro com artistas dos estados onde o problema da água sequer é uma ameaça. Sempre se soube: transposição e revitalização do rio secular não são mutuamente excludentes. Graças a Deus, a voz de Elba não foi decisiva para essa questão tão essencial para 12 milhões de nordestinos.
A sofreguidão midiática de Elba agora mira o Maior São João do Mundo, onde a artista de Conceição há mais de 30 anos tem um contrato cativo para o dia 23 de junho. Virou tradição. Bom para as finanças dela, principalmente porque se dá ao luxo de cobrar cachê exorbitante, aparentemente imune às críticas.
Essa questão de cachê, aliás, foi motivo, em 2015, para o exercício de censuras oportunistas de Elba. Ela opinou que o poder público, no Nordeste especialmente, bancava valores muito altos para os artistas. Não se tem conhecimento, até agora, de qualquer gesto da parte dela de, num raro ato de coerência, tenha reduzido o próprio cachê pago por Campina Grande.
Este ano, Elba não precisa ter esse peso, nunca demonstrado, na consciência. Os cachês no Parque do Povo são bancados com dinheiro privado de patrocínios exclusivamente. O novo modelo de Parceria Público Privada (PPP) assumido pela Prefeitura está permitindo, por exemplo, que da economia com a festa, a gestão municipal invista na construção de um moderno Hospital da Criança e do Adolescente. Um bom mote para Elba defender, por aí afora, tendo Campina Grande como fonte de inspiração. Mas ela jamais fará isso: é mais fácil conquistar as atenções e os holofotes jogando para a galera da classe artística, nem que para isso ela abra mão da coerência, do senso de justiça ou de querer impor ao público um padrão só de gosto musical.
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