Se tem algo que faz parte das memórias de minha vida está o rádio.
Foi um rádio o responsável pelo meu primeiro material escolar. Não que eu tenha ganhado o material de algum programa de rádio, mas os meus pais, entre as poucas coisas que tinham em casa, estava um rádio amarelo. Eles venderam o rádio e com o dinheiro do que receberam compraram meu material escolar.
Dos animais de estimação que tivemos, o primeiro que lembro é de um gatinho que criamos. O nome dele: “FM”.
Já maior, era no rádio que me baseava para saber a hora de sair de casa para ir para escola. No rádio tocava o hino nacional, a Oração de São Francisco e logo depois vinha uma vinheta seguida de uma voz marcante com um “oi” do apresentador, Luiz Otávio. Luiz Otávio que se tornou uma referência no rádio paraibano como apresentador do Correio Debate, programa que anos depois tive o privilégio de iniciar minha carreira neste veículo tão apaixonante.
O costume de ouvir rádio veio logo cedo. Lá em casa, Seu Ramos (painho) ligava o rádio para ouvir o noticiário assim que acordava e até hoje painho acorda por volta das cinco horas da madrugada. De Boca Quente em diante lembro o nome de muitos radialistas, alguns que são colegas de profissão até hoje. Claro que, aos domingos, tinha um programa que tocava Roberto Carlos e adivinha o que escutávamos lá em casa?
No início do ensino médio já sabia o que queria fazer na vida. Certo dia uma irmã na igreja virou e me disse: “você tem a voz bonita, devia fazer rádio”, para mim serviu mais do que um incentivo, foi uma confirmação. Aí descobri que na UFPB tinha um curso de Comunicação Social com habilitação em Rádio-TV. Não deu outra: passei em meu primeiro vestibular, na época: PSS – Processo de Seleção Seriado.
Das muitas habilidades que o curso proporciona para TV e Cinema, o que me atraía mesmo eram as cadeiras voltadas para o rádio. Me dedicava com prazer.
Na difusora do DECOM, me satisfazia até chegar a oportunidade de fazer um programa em uma emissora, como extensão do curso. O professor Lúcio disse que existia o espaço, mas que há quatro semestres os alunos não se interessavam e se tivesse quem se habilita-se, ele coordenaria o programa. Não deu outra, nem dormi direito: rascunhei o o programa e me dediquei a ele até acabar o curso. O Estação Ciência ficou no ar, nas manhãs de sábado, da rádio CBN até pouco tempo depois de eu finalizar meu curso.
Até tentei fazer uma monografia que iria estudar o uso que as igrejas faziam dos meios de comunicação, com foco no rádio em João Pessoa, mas perdi todo o material em um daqueles acidentes com o HD de um aluno que não entendia o que era essa nuvem tão usada hoje. Depois de explorar a paciência da professora Joana Berlanino, me comprometi com ela em fazer um TCC: um programa de rádio. Foi rapidinho: fiz todos os detalhes de três programas sobre alcoolismo(Minutos de Sobriedade) e quase tirei 10.
Outro dia, meu irmão me disse que uma das lembranças que tem da infância é de eu, em frente ao computador, ensaiando a leitura de matéria, como se estivesse ao vivo no rádio. Diz muito isso.
Já com o diploma na mão, em 2010 fiz meu único currículo para entregar. Lembro que na noite anterior a entrega orei bastante com minha esposa por aquele currículo. Entreguei na portaria do maior sistema de comunicação do estado. No outro dia fui chamado para uma entrevista no Sistema Correio de Comunicação, porém não tinha vaga.
Dias depois o telefone tocou, era do Correio Debate e a proposta era para tirar férias de uma repórter. Topei na hora, fui substituindo os colegas e em 2011 acabei sendo efetivado. De lá para cá, penso que comecei a fazer parte das memórias de outras pessoas, assim como o rádio faz parte das minhas.
Sim, desde 2011 apresento o Balanço Geral e tenho o privilégio de dá o BOA NOITE no rádio para Paraíba toda. É capaz de você já ter me ouvido dizer: “ Chegando para balançar com você de toda Paraíba”… “Dando um boa noite para você que está em casa, no carro, no trabalho e na internet”.
Outro dia conto mais detalhes e como finalizo o programa: “Fique em paz, fique com Deus e até lá”.
Écliton Monteiro
@politicaetc